Decisão do TJSP reforça cuidados com holdings familiares
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Decisão do TJSP reforça cuidados com holdings familiares
18 dez 2024
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) tem emitido decisões recentes que colocam em foco o uso de holdings familiares para planejamento patrimonial e sucessório.
Em uma dessas decisões, a 13ª Câmara de Direito Privado determinou a aplicação do Incidente de Desconsideração de Personalidade Jurídica (IDPJ) contra uma holding familiar, responsabilizando herdeiros pelo pagamento de uma dívida empresarial de R$ 5,4 milhões.
O que aconteceu?
O caso envolve um pai que transferiu vários imóveis para seus filhos. Esses imóveis foram incorporados a uma holding familiar e vendidos.
Anos depois, a empresa do pai contraiu uma dívida que não foi paga. Durante a análise judicial, foi identificada uma mistura entre os bens pessoais do pai e os da holding, levando à decisão de responsabilizar os herdeiros pela dívida.
Na primeira instância, o juiz entendeu que os filhos não poderiam ser responsabilizados porque as doações ocorreram antes da contratação da dívida. Contudo, o TJSP concluiu que, independentemente do momento das doações, a confusão patrimonial configurava um problema legal.
O que isso significa?
Essa decisão reforça a necessidade de cautela no uso de holdings familiares. Embora sejam ferramentas úteis para organização patrimonial e sucessão, é imprescindível garantir que os patrimônios da empresa e da família estejam completamente separados.
A confusão entre esses bens pode ser interpretada como uma tentativa de proteção indevida contra credores.
O que aprender com este caso?
- Planejamento Estruturado e Transparente: Doações ou transferências de bens devem ser feitas com documentação clara, assegurando a distinção entre os patrimônios.
- Evitar Uso Indevido de Bens: Quando o doador continua usufruindo os bens transferidos, isso pode ser visto como simulação, criando vulnerabilidades legais.
- Revisão Constante: A estrutura da holding deve ser avaliada regularmente para prevenir riscos e garantir conformidade legal.
Por que isso é importante?
Manter a continuidade e a segurança do patrimônio familiar exige mais do que boas intenções. É necessário planejamento cuidadoso e medidas que respeitem as leis, de forma a proteger o que foi construído ao longo dos anos.
A perpetuação do patrimônio, com bases sólidas e transparentes, é essencial para evitar conflitos futuros e preservar o trabalho de gerações.
Se você está pensando em criar uma holding familiar, busque informações detalhadas e considere um planejamento que assegure a integridade do patrimônio, tanto para a gestão atual quanto para as próximas gerações.
Imagem: Paulo Santana / TJSP / Klaus Silva / TJSP
João Cosme Souza e Silva Pereira
Sócio da Blue3 Investimentos e Especialista em Proteção Financeira e Planejamento Sucessório.
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