Freddie Mercury: uma vida entre trovões e memórias eternas
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Freddie Mercury: uma vida entre trovões e memórias eternas
24 nov 2024•Última atualização: 25 novembro 2024
Há 33 anos o mundo perdia Freddie Mercury, a voz inigualável do Queen. Em 24 de novembro de 1991, o lendário vocalista deu seu último acorde, deixando não apenas músicas inesquecíveis, mas também uma história pessoal repleta de intensidade e paixão.
Embora tenha partido, Freddie continua vivo nas mentes e nos corações de todos que o ouviram, inspirando gerações a manter o espírito vivo, mesmo diante das adversidades.
Freddie não apenas brilhou em sua arte, mas também mostrou cuidado e devoção com aqueles que amava. Além das apresentações marcantes, ele organizou sua vida para que, mesmo depois de sua ausência, aqueles ao seu redor pudessem seguir em harmonia.
Aqui exploramos como Freddie preparou sua despedida de forma digna e como suas escolhas continuam ecoando até hoje.
Mary Austin: “Love of My Life”
Para Freddie, Mary Austin sempre foi seu “Love of My Life” — a pessoa que esteve com ele antes da fama e permaneceu ao seu lado até o fim.
Os dois se conheceram no início dos anos 1970, e Freddie chegou a pedir Mary em casamento, embora, anos depois, tenha revelado sua bissexualidade. A relação romântica se transformou, mas o amor e a confiança permaneceram inquebráveis.
Quando Freddie faleceu, Mary herdou aproximadamente 50% de sua fortuna, incluindo a mansão em Garden Lodge, Kensington, Londres, avaliada hoje entre US$ 25 milhões e US$ 30 milhões.
Ela também recebe uma grande parte dos royalties do Queen — uma fonte de renda constante que Freddie garantiu para ela. Freddie deixou claro que Mary era “a mulher mais importante que já conheci”.
Jim Hutton: “Somebody to Love” nos últimos acordes
Freddie encontrou em Jim Hutton alguém que lhe trouxe paz e afeto nos últimos anos de vida. Juntos, eles compartilharam momentos tranquilos fora dos holofotes. Hutton foi sua companhia constante e uma presença essencial em seu lar durante o período mais difícil.
Freddie o recompensou com aproximadamente 500 mil libras e o direito de viver na mansão Garden Lodge. Embora essa quantia fosse bem menor que a de Mary, o gesto mostra o quanto Freddie valorizava Jim. Na vida e na herança, Freddie assegurou que Jim tivesse “Somebody to Love”.
Pais e irmã: “These Are the Days of Our Lives”
Freddie sempre manteve um espaço em sua vida para suas raízes e sua família. Ele destinou 25% de seus bens aos pais e à irmã, Kashmira Bulsara.
Com o falecimento de seus pais, essa fatia passou integralmente para Kashmira, que também recebe royalties das músicas do Queen. Para Freddie, sua família sempre representou aqueles primeiros “Days of Our Lives”, e ele queria que eles estivessem seguros após sua partida.
Harmonia na partilha: “Friends Will Be Friends”
Freddie, sempre detalhista, cuidou para que a divisão de seus bens fosse tranquila, evitando disputas entre aqueles que considerava próximos. Ele nomeou Mary Austin como herdeira principal e administradora, e sua presença garantiu que o processo fosse harmonioso, sem dramas familiares ou litígios.
Freddie parecia ter vivido e planejado sua herança seguindo o lema de “Friends Will Be Friends”, mostrando que aqueles que ele considerava sua verdadeira família mereciam apoio e respeito.
Assim, ele criou um sistema no qual aqueles que mais o compreendiam pudessem permanecer em paz, “no matter what your friends say”.
Evolução do seguro de vida: “Don’t Stop Me Now”
Na época de Freddie, as seguradoras não ofereciam cobertura para pessoas vivendo com HIV, algo que poderia ter ajudado Jim Hutton e outros próximos ao cantor.
Hoje, no entanto, empresas como Icatu Seguros, MAG Seguros (anteriormente Mongeral Aegon), MetLife e Prudential mudaram suas políticas e oferecem seguro de vida para portadores de HIV.
Essa mudança reflete uma evolução na inclusão e no apoio à diversidade, permitindo que pessoas com HIV planejem e garantam seu futuro sem limitações.
Royalties do Queen: “We Are the Champions”
Freddie destinou a maior parte dos royalties das músicas do Queen a Mary Austin. Esses direitos autorais continuam a gerar milhões de dólares anualmente, sendo uma fonte de renda vitalícia para Mary, Kashmira, Jim e os demais membros do Queen.
Essa decisão reflete o espírito visionário de Freddie e sua capacidade de transformar “We Are the Champions” em algo eterno, uma vitória compartilhada com aqueles que ele mais prezava.
Freddie Mercury: último ato de um showman
Freddie sempre foi intenso, teatral e absolutamente cuidadoso com sua imagem e suas relações. Com o mesmo zelo que colocava em suas performances, ele preparou sua herança para que seus amigos e familiares pudessem seguir em harmonia.
Mesmo em sua ausência, ele deixou um arranjo que garante que aqueles que o cercavam possam continuar vivendo com segurança e dignidade.
Freddie nos ensina que, assim como na música, devemos cuidar de cada nota de nossa história. Sua trajetória é um lembrete de que, independentemente das dificuldades, é possível construir um futuro que ecoe com força e paixão, como um aplauso que nunca se apaga.
Afinal, como ele sempre disse e demonstrou, “The Show Must Go On”.
Imagem: © Imago imagess/United Archives via Reuters Connect
João Cosme Souza e Silva Pereira
Sócio da Blue3 Investimentos e Especialista em Proteção Financeira e Planejamento Sucessório.
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