Taxa de juros: economista comenta expectativas para o Copom e FED
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Taxa de juros: economista comenta expectativas para o Copom e FED
6 nov 2024•Última atualização: 6 novembro 2024


Nesta semana de reunião de Bancos Centrais, estamos vendo o momento da última reunião do FOMC, quando a autoridade monetária americana iniciou seu ciclo de afrouxamento monetário.
Esperávamos que o Federal Reserve reduziria os juros em ritmo constante de 0,25% nas 3 reuniões deste ano, mas o que se verificou foi o início de um ciclo de corte de 0,5% mediante dados da Payroll e desemprego, que indicavam desaceleração das atividades.
Nas últimas semanas, os dados de atividade foram revisados e indicaram uma outra realidade econômica e frente a uma nova reunião do FOMC.
Com isso, a queda deve se fixar em 0,25% nas duas últimas reuniões faltantes, finalizando o ano com um corte de 1% na taxa básica de juros americana.
Política monetária brasileira
Na política monetária brasileira, o término de 2024 traz também o encerramento de um dos mais importantes ciclos ortodoxos que iniciou-se em 2016 na administração Temer, com a chegada de Ilan Goldfajn à presidência do BCB. Agora, esse ciclo ortodoxo de 8 anos se encerra em 31 de dezembro de 2024.
Cabe ao sucessor a tarefa de conduzir com imparcialidade e tecnicidade a política monetária do país em um momento em que o consumo das famílias cresce à partir de um desemprego historicamente baixo, crescimento e recuperação do ganho salarial real nos últimos meses, além de um significativo aumento na oferta do crédito, que somados, impulsionam a atividade econômica.
Entretanto, devemos considerar o crescimento dos gastos públicos e se há sustentabilidade no arcabouço fiscal atual, o que altera a formação das expectativas.
Sem uma desaceleração do ritmo de crescimento dos gastos públicos e uma coordenação entre políticas monetária ortodoxa e política fiscal, não há como assegurar a ancoragem das expectativas e promover a estabilidade de preços.
Expectativas
Na nossa análise, a possibilidade de mais 3 aumentos de 0,5%, e possivelmente mais um ajuste de 0,25% no término do 1Q25, para conter o processo de desancoragem inflacionário.
Entretanto, o mercado mira o futuro. Resta saber se esse novo ciclo de gestão monetária a ser inaugurado com Galípolo seguirá, de fato, a gestão rigorosa imposta nos últimos anos, pois, caso contrário, estaremos atrás da curva da inflação.
Ficar nessa posição custa dinheiro e credibilidade. Não apenas da autoridade monetária, mas da administração que busca agora, após o resultados das eleições municipais, se reinventar para em 15 meses iniciar sua corrida presidencial.
A dúvida que ainda paira no ar é quanto à disciplina fiscal e a responsabilidade da gestão financeira.


Roberto Simioni Neto
Mestre em economia pela pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Mais de 25 anos de experiência na área de investimentos on e offshore. Certificações CNPI, CEA, CPF. Economista-chefe na Blue3 Investimentos.
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