Chocolates acumulam alta de 27% na Páscoa, apesar de queda geral na cesta
economia
Chocolates acumulam alta de 27% na Páscoa, apesar de queda geral na cesta
16 abr 2025


Mesmo com a queda média de 6,07% nos preços da cesta de Páscoa em 2025, os chocolates seguem como vilões da inflação sazonal. É o que revela levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), que mostra que os itens mais tradicionais da mesa pascal acumulam altas expressivas nos últimos anos.
Entre 2023 e 2025, a cesta típica da data avançou 21,68%, bem acima dos 12,47% registrados pelo Índice de Preços ao Consumidor – Mensal (IPC-M) no mesmo período.
Chocolates sobem pelo terceiro ano seguido
Os chocolates e bombons, produtos mais emblemáticos da data, registraram altas consecutivas:
- 10,02% em 2023,
- 2,44% em 2024,
- 12,88% em 2025,
No total, o aumento acumulado chega a 27,22%. Segundo o economista Matheus Dias, responsável pelo levantamento, a pressão vem sendo sentida há anos, impulsionada especialmente por problemas na produção global de cacau.
Ainda mais, ele destaca que o aumento nos preços ao consumidor poderia ser maior se não fosse a chamada reduflação, prática em que a indústria reduz o tamanho das embalagens, mantendo o preço, para suavizar os repasses.
“Quando olhamos os preços no atacado, vemos aumentos muito mais intensos. Desde abril de 2022, a manteiga de cacau subiu 125%, o leite em pó avançou 29% e o açúcar, 16%”, explica Matheus.
Itens com comportamento variado
Embora a inflação da cesta tenha desacelerado em 2025, puxada por hortaliças e legumes, nem todos os produtos acompanharam esse movimento.
A batata-inglesa, por exemplo, teve queda de 45,05% neste ano, após alta de 43,68% em 2024, o que resulta em deflação de 18,92% no triênio. A cebola também caiu 43,12% em 2025, depois de subir 33,37% no ano anterior.
Já o arroz apresentou queda de 4,9% no último ano, mas ainda acumula alta de 33,88% desde 2023.
O azeite teve o maior avanço acumulado entre os itens analisados, 74,54% em três anos, com aumentos sucessivos de 7,84% em 2023, 46,84% em 2024 e 10,22% em 2025. Os ovos de galinha somaram 51,02% de alta no mesmo período.
Pescados também pesam na conta
Os pescados mantiveram comportamento misto. O bacalhau, por exemplo, alternou entre alta de 10,47% em 2023, leve queda de 1,98% em 2024 e nova elevação de 9,7% em 2025, totalizando 18,79% no período. O atum acumulou inflação de 30,61%.
Segundo Matheus Dias, a retração média entre 2024 e 2025 pode dar uma falsa sensação de alívio. “Itens com maior peso na conta final do consumidor, como azeite, chocolates e bacalhau, continuam em trajetória de alta. Isso significa que, na prática, a Páscoa ainda pesa no bolso”, afirma.
Ele lembra ainda que o levantamento considera os preços médios até março de cada ano e não capta possíveis aumentos de última hora, comuns na semana que antecede a data. “É nesse período que a demanda se intensifica, podendo gerar novas pressões de curto prazo”, conclui.
Informações de imagem: FGV


Ana Claudia Piva
Jornalista profissional com mais de 20 anos de experiência (MTB 43.842/SP). Editora-chefe do Portal It's Money. Especialista em gestão de conteúdo pela Universidade Metodista de São Paulo e em Search Engine Optimization (SEO).
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