Copom fez uma opção pela recuperação da credibilidade, aponta gestor

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Copom fez uma opção pela recuperação da credibilidade, aponta gestor

12 dez 2024Última atualização: 12 dezembro 2024

Ana Claudia PivaAna Claudia Piva
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (11), elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, alcançando 12,25% ao ano. Para Camilo Cavalcanti Jr., sócio e portfólio manager da Oby Capital, a decisão reflete uma tentativa do Banco Central de recuperar a credibilidade diante de um cenário econômico mais adverso e desafiador.

“A decisão, em si, foi em linha com as expectativas de mercado, que mostravam no fechamento de ontem cerca de 80% de chance de uma alta de 100bps”, avaliou Camilo Cavalcanti Jr., sócio e portfólio manager na Oby Capital.

No entanto, ele destacou que o tom do comunicado surpreendeu. “O tom do comunicado divulgado no início da noite foi bastante duro e surpreendeu boa parte das projeções, especialmente por voltar a adotar o chamado forward guidance ao dizer que, caso o cenário esperado pelo BC se concretize, haverá altas da mesma magnitude nas próximas duas reuniões”.

Justificativas para o ajuste

No comunicado, o Copom apontou um cenário externo desafiador, principalmente devido à conjuntura econômica dos Estados Unidos e à postura mais restritiva do Federal Reserve (Fed), que impactam mercados emergentes como o Brasil.

No cenário doméstico, a atividade econômica segue aquecida, com destaque para o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que evidenciou uma maior abertura do hiato do produto.

Além disso, as expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas no Boletim Focus subiram para 4,8% e 4,6%, respectivamente, acima do teto da meta.

O Copom citou uma “desancoragem adicional das expectativas de inflação” e uma “elevação das projeções de inflação” como fatores que justificam a postura mais contracionista.

“A justificativa para este guidance envolve diversos fatores, como um cenário global menos incerto e mais adverso, além da materialização de riscos inflacionários citados em reuniões anteriores, resultando em desancoragem adicional das expectativas de inflação, dinamismo acima do esperado na atividade que, em conjunto com o recente anúncio fiscal, afetaram de forma relevante as projeções de inflação e a taxa de câmbio”, destacou Cavalcanti.

Forward guidance e credibilidade

O retorno ao forward guidance, instrumento de comunicação utilizado pelo BC para indicar a direção futura da política monetária, foi um dos pontos que mais chamaram atenção no comunicado.

O Copom indicou que as próximas duas reuniões poderão registrar novos aumentos de 1 ponto percentual, dependendo da evolução das expectativas e projeções de inflação, além da dinâmica da atividade econômica.

Para o gestor, o comitê tomou uma decisão alinhada à recuperação da credibilidade do Banco Central.

“Assim, reforçando que em sua visão ainda permanecem riscos de alta maior da inflação, o Copom fez uma opção pela recuperação da credibilidade ao entregar, no total, mais altas de juros do que o precificado pelo mercado até ontem”.

O economista alertou que o cenário econômico será determinante para avaliar se o patamar de 14,25% ao ano, praticamente contratado para o futuro próximo, será suficiente.

“A evolução do cenário econômico, especialmente no que tange a atividade, o desemprego, o câmbio e as projeções de inflação, vai mostrar se os 14,25% a.a. já 'contratados' serão suficientes para levar a inflação à meta no horizonte relevante para o BC”.

Ana Claudia Piva

Ana Claudia Piva

Jornalista profissional com mais de 20 anos de experiência (MTB 43.842/SP). Editora-chefe do Portal It's Money. Especialista em gestão de conteúdo pela Universidade Metodista de São Paulo e em Search Engine Optimization (SEO).

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