Economia opera acima de sua capacidade, alerta economista da Blue3

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Economia opera acima de sua capacidade, alerta economista da Blue3

3 dez 2024Última atualização: 3 dezembro 2024

Ana Claudia PivaAna Claudia Piva
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Após a divulgação dos dados do PIB nesta terça-feira (03), o economista-chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni, destacou que a economia brasileira "opera acima de sua capacidade".

Segundo ele, "os números continuam apontando uma economia sem sinais de desaceleração e que opera acima de sua capacidade, o que indica um hiato do produto mais positivo".

Para Simioni, parte do desempenho robusto da economia nos últimos trimestres está ligado aos estímulos fiscais promovidos pelo governo. Ele pondera, no entanto, que essa política possui limitações.

"Nos últimos dois anos, convivemos com um gasto do governo médio de 1,9%, enquanto o crescimento médio do PIB tem sido de 3,2%."

De acordo com o economista, possivelmente, o volume de estímulo diminuirá em 2025, considerando a agenda fiscal proposta recentemente pelo governo.

"Nesse sentido, pode haver um aumento de juros para conter a inflação e até medidas voltadas a um volume inferior de gastos, que podem como efeito desacelerar o ritmo e o resultado do PIB para 2025."

Cenário internacional traz incertezas

Simioni também alerta para os impactos das políticas protecionistas que podem ser adotadas nos Estados Unidos, particularmente após o início da nova administração Trump.

"Não se sabe ainda, a partir do início da administração Trump, qual será a magnitude nem a velocidade com que serão implementadas as novas medidas protecionistas republicanas. Sabe-se, porém, que essas ações podem provocar uma valorização do dólar e elevação da inflação em outros países."

Esse cenário pode trazer desafios adicionais para o Brasil, exigindo maior atenção à condução da política monetária.

"Isso nos traz alguns pontos de incertezas para o cenário interno, pois necessitaremos de uma gestão ativa e ortodoxa por parte do próximo presidente do Banco Central, que tem de agir de forma independente e técnica, adotando medidas de política monetária restritiva, se necessário, para conter os efeitos negativos de uma retomada da inflação ao longo dos próximos meses", observa.

Inflação e câmbio pressionam o Banco Central

Outro ponto destacado pelo economista é o impacto da inflação e da desvalorização cambial sobre as expectativas econômicas.

"Entre o segundo e o terceiro trimestre houve um crescimento de 2,9% para 3,3%, respectivamente, indicando que a economia cresce acima do potencial, e isso gera consequências sobre a inflação."

Simioni ressalta que o aumento recente do dólar pode exigir respostas rápidas. "Soma-se a isso a desancoragem das expectativas e o aumento do USD nas últimas semanas, o que põe ainda mais pressão sob o Banco Central, possivelmente exigindo ações mais tempestivas para 2025", explica.

Desafios para 2025

Apesar dos últimos dados do PIB, Simioni alerta que o cenário pode mudar. "Os números continuam fortes para o quarto trimestre, mas podem não se repetir para 2025", avalia.

O economista reforça que o Brasil enfrentará desafios internos e externos nos próximos meses. "Parte do resultado do PIB do terceiro trimestre se deve a todo estímulo fiscal praticado, mas é possível que em 2025 a economia enfrente um ritmo de crescimento menor, não apenas no Brasil, mas em vários países", finaliza.

Ana Claudia Piva

Ana Claudia Piva

Jornalista profissional com mais de 20 anos de experiência (MTB 43.842/SP). Editora-chefe do Portal It's Money. Especialista em gestão de conteúdo pela Universidade Metodista de São Paulo e em Search Engine Optimization (SEO).

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