Eleição de Trump pode influenciar setores estratégicos no Brasil, aponta XP
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Eleição de Trump pode influenciar setores estratégicos no Brasil, aponta XP
6 nov 2024•Última atualização: 6 novembro 2024
A eleição presidencial dos Estados Unidos de 2024 pode gerar impactos significativos no mercado brasileiro, especialmente em setores estratégicos como commodities e agronegócio.
Segundo relatório da XP Investimentos, a presidência de Donald Trump deve criar oportunidades e desafios para o Brasil, refletindo um cenário de maior volatilidade e potenciais mudanças no comércio global.
A seguir, veremos os principais pontos abordados pelo estudo da corretora, boa leitura!
Análise histórica: eleições e a Bolsa brasileira
A análise da XP sobre ciclos eleitorais anteriores mostra que os fatores internos, chamados idiossincráticos, continuam sendo os principais catalisadores do mercado brasileiro.
Assim, não há uma correlação uniforme entre as eleições americanas e o desempenho do Ibovespa.
Exemplos históricos reforçam essa visão:
- 2004: A disparada dos preços do petróleo, motivada por mudanças estruturais na oferta e demanda globais, culminou em uma alta contínua até o pico em 2008.
- 2008: A Crise Financeira, marcada pela falência do Lehman Brothers e estímulos econômicos do Fed, trouxe forte volatilidade ao mercado até a eleição de novembro, quando medidas de estabilização começaram a surtir efeito.
- 2020: Durante a pandemia de COVID-19, os ativos de risco globais se recuperaram na segunda metade do ano, após quedas acentuadas no início da crise.
Atualmente, o Ibovespa apresenta uma leve recuperação no cenário externo, com um ganho expressivo de 6,5% em agosto, impulsionado por fluxos de capital estrangeiro. No entanto, a deterioração macroeconômica doméstica resultou em um recuo de 4,5% desde então.
Possíveis impactos da presidência Trump
O relatório detalha os possíveis desdobramentos do retorno de Donald Trump ao poder, com destaque para:
1- Benefícios para o agronegócio
A continuidade de tensões comerciais entre Estados Unidos e China poderia aumentar a demanda por produtos agrícolas brasileiros, como soja e milho, beneficiando diretamente o setor de commodities.
Esse movimento foi observado no período de 2018 a 2020, quando a guerra comercial deslocou a compra chinesa para o Brasil.
2- Riscos comerciais
Por outro lado, a proposta de Trump de aplicar uma tarifa global de 10% sobre todas as importações pode afetar negativamente as principais exportações brasileiras para os EUA, como petróleo bruto, aço semiacabado e café.
Além disso, há incerteza sobre a possibilidade de o Brasil conseguir novas isenções tarifárias, como as obtidas no passado com o aço e o etanol.
3- Volatilidade e dólar forte
As tensões comerciais e as sanções internacionais típicas de uma presidência Trump podem aumentar a volatilidade dos mercados, como aconteceu em 2018, quando a volatilidade média anual atingiu 15% e chegou ao pico de 22,6% em novembro.
Um dólar mais forte, associado à inflação alta e cortes de impostos, pressionaria o Fed a manter taxas de juros elevadas, impactando as taxas de câmbio e contribuindo para pressões inflacionárias no Brasil.
4- Impactos no petróleo e mineração
Trump favorece a expansão da produção doméstica de petróleo nos EUA, o que pode pressionar os preços globais do petróleo para baixo, como observado durante sua presidência anterior.
Já a tarifa de 60% sobre importações chinesas pode gerar desequilíbrios no mercado de aço, com impactos nos preços globais de ferro e aço, setores estratégicos para o Brasil.
Fluxos estrangeiros e comportamento do mercado
Os fluxos de capital estrangeiro durante eleições nos EUA também não seguem uma tendência definida, sendo amplamente influenciados por fatores idiossincráticos, de acordo com a XP.
Em 2012, por exemplo, o Ibovespa apresentou variações significativas antes e depois da eleição, impulsionado por medidas de afrouxamento monetário global e a demanda por commodities.
Em 2024, os fluxos estrangeiros no Brasil aumentaram em julho e agosto devido a um cenário macroeconômico global favorável e à redução de riscos domésticos.
Porém, entre setembro e outubro, houve saídas de capital, reflexo da divergência entre o cenário global positivo e a deterioração doméstica. Recentemente, parte desse fluxo retornou com o otimismo da temporada de resultados corporativos do 3º trimestre.
Imagem: REUTERS/Brian Snyder
Ana Claudia Piva
Jornalista profissional com mais de 20 anos de experiência (MTB 43.842/SP). Editora-chefe do Portal It's Money. Especialista em gestão de conteúdo pela Universidade Metodista de São Paulo e em Search Engine Optimization (SEO).
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