FGV aponta alta no superávit comercial em março, mas trimestre segue mais fraco
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FGV aponta alta no superávit comercial em março, mas trimestre segue mais fraco
15 abr 2025


A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 8,2 bilhões em março, superando em US$ 1 bilhão o resultado do mesmo mês de 2024, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (15) pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O destaque foi a retomada do superávit com a China, que voltou a registrar saldo positivo de US$ 4,2 bilhões após dois meses consecutivos de déficit.
No entanto, o acumulado do ano segue abaixo do observado em 2024: o superávit até março soma US$ 10 bilhões, frente aos US$ 18,5 bilhões registrados no primeiro trimestre do ano passado.
Exportações crescem em março, mas não compensam queda de janeiro
As exportações brasileiras aumentaram 5,5% em março, impulsionadas por um avanço de 5,1% no volume, enquanto os preços médios recuaram. Ainda assim, o resultado não compensou as quedas registradas em janeiro e a fraca expansão de fevereiro. Na comparação trimestral, a alta no volume exportado passou de 6,3% (em 2024 frente a 2023) para apenas 1,4% (em 2025 frente a 2024), o que resultou em queda de 0,5% no valor exportado no início deste ano.
Nas importações, o volume aumentou 3% e o valor cresceu 2,6% na comparação entre março de 2024 e 2025. O trimestre, porém, foi fortemente influenciado pelas compras de plataformas flutuantes em fevereiro, com alta de 33,5% nas importações e salto de 127,2% na entrada de bens de capital.
Agro e transformação lideram exportações
As commodities responderam por 67% das exportações brasileiras em março. O volume cresceu 2,6%, mas os preços caíram 1,2%. Já os produtos não commodities se destacaram, com alta de 11,5% no volume e aumento de 3,3% nos preços.
No comparativo trimestral, houve queda tanto no volume (-2,2%) quanto nos preços (-4,2%) das commodities, enquanto os produtos não commodities lideraram o crescimento. A indústria de transformação foi a que mais contribuiu para a alta no volume exportado (+5,4%), seguida da agropecuária (+2,9%). O setor extrativo, por outro lado, recuou 8,6%.
A soja respondeu por 70% das exportações do agronegócio em março, com alta de 16,5% no volume. Na indústria, destacaram-se as exportações de carne bovina (+40,1% em valor), óleo combustível (+13,2%) e celulose (+25,4%).
Saldo com a China volta a crescer
Apesar da melhora em março, o superávit comercial com a China no trimestre caiu de US$ 8,7 bilhões em 2024 para apenas US$ 745 milhões em 2025. O volume exportado para o país asiático caiu 5,9% e os preços, 8,2%, enquanto o volume importado subiu 43,4%.
Em contrapartida, o comércio com a Argentina mostrou reação. As exportações para o país vizinho cresceram 54,4%, com destaque para veículos de passageiros, que dobraram de volume.
Política comercial de Trump gera incerteza, mas ainda sem reflexos
Embora os efeitos das novas tarifas comerciais dos Estados Unidos ainda não tenham aparecido nos dados da balança, o cenário internacional permanece carregado de incertezas. A política tarifária adotada pelo ex-presidente Donald Trump, retomada em 2025, inclui medidas imprevisíveis como tarifas recíprocas baseadas em déficits bilaterais.
Após uma série de anúncios, suspensões e ajustes, a tarifa sobre importações da China chegou a 145%, após retaliações do governo chinês. Outros países, incluindo o Brasil, receberam tarifas adicionais de 10%, ainda que produtos como eletrônicos e semicondutores tenham sido temporariamente isentos.
Segundo a FGV, a motivação de Trump está ligada ao desejo de repatriar a manufatura para os EUA e gerar empregos na classe média, mas analistas alertam para os limites dessa estratégia. “Com cadeias de produção globalizadas e a automação avançando, trazer fábricas de volta ao país pode levar anos e gerar inflação e perda de competitividade”, alerta o relatório.
Além disso, o impacto começa a ser sentido no campo financeiro: cresce a percepção de risco sobre títulos do Tesouro americano e sobre o dólar como moeda de reserva global.


Ana Claudia Piva
Jornalista profissional com mais de 20 anos de experiência (MTB 43.842/SP). Editora-chefe do Portal It's Money. Especialista em gestão de conteúdo pela Universidade Metodista de São Paulo e em Search Engine Optimization (SEO).
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