Indicador de Clima Econômico da América Latina recua de 73,4 para 65,8 pontos, diz FGV
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Indicador de Clima Econômico da América Latina recua de 73,4 para 65,8 pontos, diz FGV
24 mai 2023•Última atualização: 21 junho 2024
O Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina caiu no 2º trimestre de 2023, influenciado pelo piora das avaliações sobre a situação econômica atual, informou nesta quarta-feira (24) a Fundação Getulio Vargas, FGV.
As expectativas melhoraram, mas continuam na zona desfavorável. A falta de confiança na política econômica local continua sendo um dos principais problemas para o crescimento econômico da região segundo os especialistas consultados.
O Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina recuou de 73,4 pontos para 65,8 pontos entre o 1º trimestre e o 2º trimestre de 2023.
O resultado é explicado pela queda do Indicador que mede a percepção dos especialistas sobre a situação econômica atual (ISA), que caiu 24,7 pontos entre os dois primeiros trimestres de 2023. No sentido oposto, o Indicador que mede as expectativas (IE) ganhou 10,2 pontos, subindo a 80,3 pontos, recuperando parte das perdas sofridas no trimestre anterior.
Todos os indicadores continuam na zona desfavorável na avaliação do clima econômico.
Na comparação entre os dois primeiros trimestres de 2023, o clima econômico melhorou no Chile, Uruguai e Colômbia. Para todos os outros países foi observada queda do indicador.
No caso do Brasil, o indicador passou de 73,5 pontos para 58,8 pontos, um recuo de 14,7 pontos. Na zona favorável de avaliação estão o Uruguai e o Paraguai, embora esse último tenha registrado uma queda de 22,4 pontos no indicador.
O ISA piorou em todos os países. A maior queda foi registrada no Brasil, de 42,0 pontos, passando de 70,6 pontos para 28,6 pontos. O ISA do Brasil é o quarto colocado na lista dos mais baixos no 2º trimestre de 2023, depois da Argentina, Chile e Bolívia. Na zona favorável está apenas o Paraguai, com 130,0 pontos e o Uruguai na zona neutra (100,0 pontos).
O Indicador de Expectativas caiu no Equador (41,6 pontos), na Argentina (41,3 pontos) e no Paraguai (25,0 pontos) e melhorou para os outros países. Ressalta-se o caso do Chile e do Uruguai que registraram aumentos de 60,0 pontos no IE.
O Brasil avançou de 76,5 pontos para 92,9 pontos na comparação entre os dois primeiros trimestres de 2023. Estão na zona favorável do IE: Paraguai, Uruguai, Peru e Chile.
A crise econômica na Argentina se reflete na avaliação dos indicadores. O país registrou o menor ICE (7,0 pontos), o menor ISA (0 ponto) e o menor IE (14,3 pontos) entre os países analisados. Em outra direção destaca-se o caso do Chile.
O país registrou a maior variação positiva do ICE e do IE (nesse caso junto com o Uruguai) e a menor queda do ISA. O país não está numa situação favorável pois, exceto o IE todos os indicadores são desfavoráveis e o ISA só alcançou 20,0 pontos.
No caso do Brasil, a piora na avaliação da situação atual supera a melhora nas expectativas. Além disso, como o IE está na zona desfavorável, a perspectiva não aponta para um cenário otimista (favorável) do clima econômico.
A piora do clima econômico da América Latina se reflete na revisão para baixo do crescimento do PIB em 2023, que passou de 1,4% para 1,1% entre a Sondagem do 1º e do 2º trimestre de 2023. À exceção da Colômbia e do Chile, as projeções foram de crescimento inferior ao anteriormente esperado para o ano.
A maior diferença ocorreu foi na Argentina, país em que a projeção anterior de crescimento de 1,2% passou a ser de queda de 1,0%. No Brasil, a revisão foi de um crescimento de 1,1% para 1,0%.
Observa-se que a melhora relativa das perspectivas para o Chile, de uma queda esperada de 1,8% para uma de 0,3%, coincide com a avaliação dos indicadores de melhora do clima econômico, em especial o das expectativas.
Principais problemas em países selecionados
Os principais problemas – aqueles que registraram pontuações acima de 50 pontos para a América Latina – foram, em ordem decrescente: infraestrutura inadequada, corrupção, falta de inovação, aumento na desigualdade de renda; falta de confiança na política econômica, falta de competitividade internacional, barreiras legais e administrativas para investidores, demanda insuficiente, falta de mão de obra qualificada, clima desfavorável para investidores estrangeiros, instabilidade política e falta de capital. Dos 15 problemas listados, 12 apresentaram pontuação acima de 50 pontos.
No caso do Brasil, as cinco maiores pontuações são, em ordem decrescente: infraestrutura inadequada (92,9 pts.); aumento da desigualdade de renda e falta de competitividade internacional (85,7 pts.); demanda insuficiente (78,6 pts.); corrupção, falta de inovação e falta de confiança na política econômica (71,4 pts.); e falta de mão de obra qualificada e gerenciamento ineficiente da dívida (57,1 pts.). Dos 15 problemas listados, nove apresentam pontuação acima de 50 pontos., o que coloca o país numa posição melhor no grupo da América Latina.
O que não é um problema relevante para o Brasil, mas é para a América Latina? Instabilidade política, clima desfavorável para investidores estrangeiros e barreiras legais para investidores. Sob esse aspecto, segundo a Sondagem, o país garantiria um ambiente mais favorável para o investimento em comparação com outros países da América Latina.
Uma segunda informação extraída dessa Sondagem se refere ao percentual de especialistas que selecionaram os principais problemas no seu país. No Brasil, 64,3% selecionaram falta de confiança na política econômica, um percentual mais elevado do que na Sondagem do 4º trimestre de 2022, que era de 46,2%.
No entanto, o tema da instabilidade política que era registrado com igual percentual não está mais entre os principais problemas na Sondagem do 2º trimestre de 2023. O segundo problema foi infraestrutura inadequada e desigualdade de renda e o terceiro falta de competitividade internacional.
Para a América Latina, o principal problema é falta de confiança na política do governo (56,3%), seguida do tema da corrupção (39,8%) e infraestrutura inadequada (25,8%). Observa-se que falta de confiança na política do governo só não é citada entre os três principais problemas entre os países selecionados no Uruguai.
Enquetes especiais
A crise do Credit Suisse junto com a falência do Silicon Valley Bank, nos Estados Unidos levou a especulações sobre um abalo no sistema financeiro internacional que lembrasse 2007/08. Nesse contexto, foi indagado ao grupo de especialistas que respondem à Sondagem como avaliavam o impacto dessa crise na economia dos seus países.
Na resposta agregada para a América Latina, 69,1% consideram que não há efeito nas economias de seus países e 23,3% que haverá efeitos. Percentuais acima de 40% nas respostas com efeitos sobre as economias domésticas estão o Chile, Paraguai e Uruguai. São economias com graus de abertura financeira elevados e por isso podem ter essa percepção.
Entre os que responderam que haveria impactos nas suas economias, para a América Latina, o percentual foi de 65,3% de que o efeito seria médio. Nos países onde as respostas foram acima de 40% quanto o impacto da crise, foi considerado médio (42,9%) ou baixo (57,1%) no Chile. No Paraguai, 50% consideram que o efeito seja baixo. E, por último no Uruguai, 100% acham que seria baixo.
Nos países onde há um percentual acima de 40% de respostas que a crise pode afetar as economias, os efeitos esperados tendem a ser baixos.
O resultado para a América Latina é decorrência da percepção que a crise das duas instituições não pode ser comparada ao da crise de 2008. Logo não é essa a questão relevante para o clima econômico da América Latina no contexto atual; e confirma que a falta de confiança na política econômica é mesmo o fator considerada como o principal problema.
Fonte: FGV
Redação It's Money
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