Monitor do PIB-FGV aponta retração de 0,1% na atividade econômica em julho

A economia brasileira apresentou uma leve retração de 0,1% em julho de 2024 em comparação ao mês anterior, conforme aponta o Monitor do PIB-FGV, divulgado em setembro pelo Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE).

Esse resultado interrompe uma sequência de oito meses consecutivos de crescimento. Apesar da queda, o indicador registra um avanço expressivo de 5,4% em relação a julho de 2023.

De acordo com Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, a retração é pequena, especialmente quando comparada ao crescimento robusto de 1,6% registrado em junho, o maior do ano até o momento.

"Apesar da queda, a continuidade do crescimento no setor de serviços e nos investimentos, que são pilares importantes da expansão da capacidade produtiva, se destaca como um ponto positivo", ressalta Trece.

Setores impactados

O relatório aponta que segmentos importantes da economia, como a indústria e o consumo das famílias, apresentaram retração em julho, após se destacarem no desempenho positivo do PIB no segundo trimestre.

A indústria foi impactada por quedas no setor de produtos derivados de petróleo e no setor extrativo, enquanto o consumo das famílias, embora continue em crescimento, perdeu fôlego em comparação ao ritmo observado nos meses anteriores.

Em contrapartida, o setor de serviços, que tem o maior peso na economia brasileira, e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), responsável pelo aumento da capacidade produtiva, continuaram em trajetória de expansão.

Crescimento acumulado no ano

No acumulado de 12 meses até julho de 2024, a economia brasileira registra um crescimento de 2,7%, enquanto o avanço no acumulado do ano é de 2,6%.

Esses números refletem a resiliência da economia, que vem superando desafios internos e externos, impulsionada principalmente pelo setor de serviços e pelos investimentos.

Destaque para o consumo das famílias e os investimentos

No trimestre móvel encerrado em julho, o consumo das famílias cresceu 4,5%, embora em ritmo inferior ao registrado no segundo trimestre. Todas as categorias de consumo registraram alta, o que demonstra uma retomada constante desde o final de 2023.

Os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), cresceram 6,0% no trimestre móvel findo em julho, com destaque para o componente de máquinas e equipamentos, que contribuiu com mais de 70% para esse resultado.

O setor de construção também apresentou contribuição positiva, refletindo o aumento dos investimentos em infraestrutura e projetos imobiliários.

Exportações e importações

As exportações cresceram 0,7% no trimestre móvel encerrado em julho, mas apresentaram uma desaceleração em 2024, especialmente devido à menor contribuição dos produtos agropecuários.

Já as importações registraram um crescimento significativo de 16,0%, com avanços em quase todos os segmentos, à exceção dos produtos da indústria extrativa mineral, que apresentaram queda de 2,4%.

Perspectivas para o segundo semestre

Apesar da retração em julho, as perspectivas para o segundo semestre de 2024 permanecem positivas, com expectativa de recuperação da atividade industrial e manutenção do crescimento no setor de serviços e nos investimentos.

No entanto, a desaceleração das exportações, somada às incertezas no cenário global, pode impor desafios à continuidade desse crescimento.

O Monitor do PIB-FGV é um indicador mensal que antecipa as tendências do PIB e fornece uma análise detalhada dos componentes da demanda e da oferta na economia brasileira, utilizando a mesma metodologia das Contas Nacionais do IBGE.