Semana de inflação
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Semana de inflação
10 out 2022•Última atualização: 20 junho 2024
Começando mais uma semana que, dessa vez, promete ser marcada por informações de inflação ao redor do mundo. A semana que será mais curta por aqui, com feriado na quarta-feira, deve trazer volatilidade, principalmente no exterior com o início da temporada de resultados do terceiro trimestre nos Estados Unidos.
Abertura do mercado no Brasil
No Brasil, a semana será interrompida por feriado, mas ainda assim promete ser movimentada. A segunda-feira mais calma deve trazer apenas o IPC-S, divulgado agora pela manhã. O índice de preços da primeira quadrissemana de outubro mostrou inflação de 0,26%. A medição mostrou acréscimo em seis das oito classes de despesa que compõem o índice, com destaque para transportes e alimentação que registraram os maiores ganhos.
Ainda no cenário de preços, a expectativa é que seja divulgado amanhã, o índice oficial de preços, calculado pelo IBGE, o IPCA. As estimativas apontam para o terceiro mês consecutivo de deflação em setembro, com queda de 0,33% nos preços.
A divulgação de terça, deve ser o principal fator a movimentar o mercado por aqui, enquanto na sexta, deve ser divulgado o IBC-Br, indicador de atividade do Banco Central, que funciona como uma prévia do PIB, e deve mostrar alta de 0,3% em setembro.
Por aqui, investidores seguem avaliando as oportunidades em ativos de risco, com cenário econômico indicando estabilidade e cenário político mais equilibrado para o segundo turno, o mercado, em um movimento estoico, parece entender que a virtude está na estabilidade do centro.
Curva DI
A semana teve clima de muitos ajustes pós eleições. A surpresa veio do lado dos novos congressistas eleitos, que tendem a compor um congresso mais centro direita o que na leitura dos operadores, devem reduzir risco caso Lula se torne o próximo presidente. O segundo turno ocorre no dia 30/10. A bolsa reagiu bem ao resultado das eleições e subiu mais de 5% essa semana.
Apesar do noticiário no exterior ainda trazer algumas notícias mais negativas, em especial, a geração de emprego nos EUA mais forte do que o previsto pressionando a curva por lá, o DI apresentou fechamento com otimismo local prevalecendo.
Abaixo a curva de juros uma semana atrás em branco e no fechamento da sexta-feira 07/10 em verde.
No Tesouro Nacional, os leilões trouxeram bons volumes e taxas em queda.
O Tesouro pré 2025 encerrou a semana pagando 11,58% vs 11,64% da semana anterior, enquanto o vencimento de 2029, 11,64% contra 11,98% uma semana atrás.
A NTB-B com vencimento 2026 fechou a semana pagando IPCA +5,61% vs 5,69% uma semana atrás. O Tesouro IPCA 2035 e 45 pagavam IPCA + 5,70% praticamente em estabilidade.
Abertura do mercado no EUA
Nos EUA, a semana também promete agitação com índices de preços. Apesar da segunda-feira também pouco movimentada, o dia traz discursos de membros do FED. Incluindo Lael Brainard e Charles Evans. Ao longo da última semana, membros do banco central norte-americano foram unânimes na defesa por manutenção do atual ritmo de apertos, o que somado a dados de empregos pouco esclarecedores, tirou o otimismo dos mercados.
Depois de começar a última semana com forte recuperação o mercado de ações norte-americano desacelerou no fim da semana, com payroll ainda mostrando um mercado de trabalho aquecido, e discursos hawkish de membros do FED. A expectativa é de pelo menos mais um aumento, o quarto, de 75 pontos-base nos juros.
Na quarta-feira, começam as divulgações de inflação, com índice de preços ao produtor. Também na quarta, deve ser divulgada a ata do Fomc, o Comitê Federal de Mercado Aberto, responsável por definir o andamento da política monetária por lá. O documento é fundamental para o entendimento das discussões do comitê, esclarecimento da visão de membros do FED sobre o ritmo de apertos e os impactos da restrição econômica na economia, além da compreensão do comportamento dos índices de preços pelo Banco Central.
E para completar a semana de inflação, na quinta-feira o índice de preços ao consumidor deve ser divulgado, o CPI. Estimativas apontam para leve alta de 0,2%, entretanto, a possibilidade de um novo aumento acima das expetativas adiciona cautela ao mercado e deve conter investidores mais propensos ao risco.
Mercado Interno
Na última semana o Ibovespa fechou em forte alta de 5,76%. Ganhando tração com a melhora do cenário político, o mercado de ações brasileiro absorveu bem o resultado do pleito de 2 de outubro, que encaminhou a disputa presidencial para um segundo turno mais apertado, e consequentemente mais moderado.
A semana que traz informações de inflação por aqui pode movimentar a bolsa, com impacto direto dos índices de preços nas decisões de juros do Banco Central. As perspectivas de manutenção da taxa básica, seguem sendo, em nossa visão, o grande driver de preços. Continuamos enxergando boas ações negociadas com descontos atrativos, e esperamos que os resultados do terceiro trimestre que começam a ser divulgados no fim desse mês mostrem a força das empresas por aqui.
Análise técnica Ibovespa
O Ibovespa fechou a semana passada com uma alta de +5,76%, e apesar do pregão de sexta ter sido negativo, as expectativas para o ativo são positivas. Em que após sete semanas passando por correção, movimento mais lateral, conseguiu superar os 114.390 pontos, fechando em 116.375 pontos.
Dessa forma, analisando o gráfico semanal, a superação dos 118.380 pontos confirmaria essa expectativa positiva. Onde a maior probabilidade seria de alta nas próximas semanas. E, pensando em níveis importantes mais acima, o próximo seria nos 121.570 pontos. Patamar que o índice não atinge desde 22 de março deste ano.
Vale salientar que a perda dos 110.045 pontos anularia essa expectativa para o índice. E que, olhando para o curto prazo (gráfico diário), o índice pode passar por uma possível correção (repique de baixa) nos próximos dias, perdendo os 115.920 pontos aumenta-se essa probabilidade.
Mercado Externo
Nos EUA, depois de começar a semana de forma promissora, os índices de ações perderam força. O S&P 500, encerrou a semana com alta de 1,51%, depois de subir mais de 6%.
Sem grandes rearranjos na política monetária por lá a expectativa segue sendo por novos apertos de igual magnitude no próximo encontro do Fomc, o que sinaliza maior pessimismo para a renda variável no curto prazo.
Essa semana marca ainda o início da temporada de resultados do terceiro trimestre. Na quarta-feira os balanços começam a ser divulgados, mas os bancos, que marcam o início da temporada, devem fazer seus reportes na quinta, com destaque para JP Morgan, Morgan Stanley e Citigroup. A temporada de resultados deve ser outro guia do mercado e trazer maior clareza do desempenho das empresas no cenário inflacionário, além das perspectivas futuras dos negócios.
Análise técnica S&P500
O S&P500 fechou a semana passada com uma leve alta de +1,26%, em que chegou a testar os 3.800 pontos em sua máxima. Entretanto, a expectativa segue mais negativa para o índice, já que nos últimos dois pregões apresentou uma queda acumulada de -4,90% e não conseguiu se manter acima dos 3.680 pontos.
A perda dos 3.560 pontos aumentaria a expectativa negativa no médio prazo. Onde o índice poderia buscar a região dos 3.480 pontos. A retomada de um cenário mais positivo seria retomada se o índice superar os 4.060 pontos, anulando a tendência de baixa que se encontra no médio prazo.
Olhando para o curto prazo, visão para os próximos dias, a expectativa também é mais negativa. Em que o S&P500 pode testar a região dos 3.590 pontos.
Commodities
O minério de ferro encerrou a madrugada em Singapura em alta. A retomada das atividades chinesas depois do feriado da Semana Dourada deve estimular a atividade siderúrgica.
O petróleo opera em queda nessa manhã de segunda-feira. Apesar da queda de hoje, o cenário para a commodity se mantem inalterado com restrição de oferta, depois do corte de produção da Opep+. Esse corte volta a pressionar os preços, e as tensões que continuam a escalar no conflito no leste europeu devem trazer mais volatilidade às commodities energéticas.
Análise técnica petróleo
O petróleo terminou a semana passada com uma alta significativa de +14,99%. Analisando o gráfico semanal, esse é o primeiro sinal positivo, após 5 semanas de queda consecutivas. Dessa forma, para a retomada de uma expectativa positiva, é importante que o ativo supere os USD 97,96/barril e continue esse movimento de alta.
Vale salientar que para anular essa tendência de baixa que se encontra no médio prazo, o petróleo deve superar os USD 103,24/barril. Já, a perda dos USD 82,85/barril implica em um aumento da expectativa negativa.
No curto prazo, gráfico diário, o petróleo já apresentou uma alta acumulada de +18,21% nos últimos pregões. O que deixa um cenário mais positivo no curto prazo.
Analistas responsáveis
Dalton Vieira – Analista CNPI-T
- + 15 anos de experiência no mercado financeiro;
- Analista de valores mobiliários (CNPI-TEM 910);
- Credenciado pela Apimec desde 2010;
Desenvolvedor do método DV de investimentos.
Henrique Tavares – Analista CNPI
- Analista CNPI (CNPI EM-3176);
- Credenciado pela Apimec;
- Formado em Engenharia Aeronáutica pela Universidade Federal Uberlândia (UFU).
Leonardo Gibelli
- Analista CNPI-T;
- Analista CNPI-T EM-3376 credenciado pela Apimec;
- Formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Disclaimer
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DVinvest
A DVinvest é a casa de análise fundada pelo renomado analista Dalton Vieira, que possui em sua equipe profissionais altamente especializados em análise fundamentalista e técnica de ações.
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