Copom continua ciclo de corte nos juros e Selic vai a 12,75%

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Copom continua ciclo de corte nos juros e Selic vai a 12,75%

20 set 2023Última atualização: 20 junho 2024

Redação It's MoneyRedação It's Money
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O Comitê de Política Monetária (Copom) seguiu com o ciclo de corte nos juros e reduziu a Selic a 12,75% ao ano nesta quarta-feira (20).

Esse novo corte na taxa, de 0,5 ponto, já era esperado pelo mercado, tendo em vista o atual momento econômico. Bem como a sinalização dada pelo comitê na ata da última reunião.

O Copom reforçou em nota que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025.

"A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária", disse o colegiado.

"Agora, com os juros a 12,75%, o mercado fica atento ao IPCA dos próximos meses, para saber se o Banco Central conseguirá manter esse ritmo de cortes", disse Rafael Gamba, assessor de investimentos da Blue3.

Para a economista e Advisor da Blue3 Investimentos Bruna Centeno, nas próximas reuniões, por conta dos dados de inflação, pode haver perda no ritmo de baixa nos juros."Outra preocupação que os membros do Copom podem levar em consideração são os dados recentes da China, que pressionam as commodities, como o petróleo. Isso pode refletir em uma alta do preço dos combustíveis no Brasil, por exemplo".

Por outro lado, o economista Jose Milton Dos Santos Pestana Barbosa, sócio e assessor da Blue3 Investimentos, avalia que o Copom antecipou a cadência de redução de juros, mas de toda forma, o cenário é positivo."Com sucessivas revisões positivas para balanço de pagamentos, crescimento do PIB e moderação das taxas de inflação medidas pelo IPCA, já refletidas na cesta básica. Bem como planos de aumento de investimentos em vários segmentos além do agro, e precificação dos futuros de juros reforçam este cenário”, conclui.

"Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", explicou o colegiado.

Ciclo de corte nos juros

Esse foi o segundo corte desde agosto, quando a autoridade monetária interrompeu o ciclo de aperto monetário diante da forte queda da inflação nos últimos meses. Assim, os membros do colegiado já previam cortes de 0,5 ponto nas próximas reuniões.

O órgão avalia que esse ritmo é adequado para manter a política monetária contracionista (juros que desestimulam a economia) necessária para controlar a inflação.

De acordo com a edição mais recente do Boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a taxa básica cairia 0,5 ponto percentual. Embora algumas instituições projetassem corte de até 0,75 ponto. Assim, a expectativa do mercado financeiro é que a Selic encerre o ano em 11,75% ao ano.

Confira a nota do Copom na íntegra

O ambiente externo mostra-se mais incerto, com a continuidade do processo de desinflação, a despeito de núcleos de inflação ainda elevados e resiliência nos mercados de trabalho de diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas. O Comitê notou a elevação das taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos e a perspectiva de menor crescimento na China, ambos exigindo maior atenção por parte de países emergentes.

Em relação ao cenário doméstico, observou-se maior resiliência da atividade econômica do que anteriormente esperado, mas o Copom segue antecipando um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres. Como antecipado, ocorreu uma elevação da inflação cheia ao consumidor acumulada em doze meses no período recente. As medidas mais recentes de inflação subjacente apresentaram queda, mas ainda se situam acima da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,9%, 3,9% e 3,5%, respectivamente.

As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 5,0% em 2023, 3,5% em 2024 e 3,1% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 10,5% em 2023, 4,5% em 2024 e 3,6% em 2025.

O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas.

Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 12,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. O Comitê ressalta ainda que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Gabriel Muricca Galípolo, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.

* No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 4,90, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária "verde" em dezembro de 2023, de 2024 e de 2025. O valor para o câmbio é obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos cinco dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.

Redação It's Money

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