Fraudes com criptoativos crescem em 2024 e exigem atenção redobrada dos investidores

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Fraudes com criptoativos crescem em 2024 e exigem atenção redobrada dos investidores

28 mar 2025Última atualização: 28 março 2025

Tiago GuimaraesTiago Guimaraes
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A ascensão dos criptoativos como forma de investimento abriu novas oportunidades — e também escancarou portas para fraudes digitais. Só em 2023, o mundo perdeu US$ 3,8 bilhões em fraudes com criptomoedas, segundo a Chainalysis. E 2024 mostrou que os golpistas seguem evoluindo.

Segundo a Kaspersky, foram 10,7 milhões de tentativas de phishing com temática cripto em 2024 — um crescimento de 83,37% em relação a 2023. Esses golpes usam desde páginas falsas até aplicativos maliciosos que parecem legítimos.

Como esses golpes funcionam?

  • Sites falsos de corretoras ou carteiras como Binance, Trust Wallet e MetaMask;
  • Aplicativos falsos, muitas vezes disponíveis até em lojas oficiais;
  • Links de phishing enviados por e-mail, redes sociais ou WhatsApp;
  • Malwares que trocam endereços de carteira durante uma transação

Em 2024, um golpe popular no Brasil usava um app falso do iFood, com promessa de cupons. Ao ser instalado, o malware Coyote roubava dados bancários e senhas de carteiras cripto. O caso foi investigado e citado em relatório da Febraban.

Quem mais sofre com esses ataques?

  • Investidores iniciantes buscando lucros rápidos;
  • Traders P2P fora de plataformas reguladas;
  • Clientes de fintechs com carteiras cripto integradas;
  • Profissionais do setor financeiro, visados por engenharia social.

Perdas individuais variam entre R$ 500 e mais de R$ 50 mil, dependendo do tipo de ataque e do nível de exposição.

O cenário no Brasil

Segundo levantamento do InfoMoney, 4 milhões de brasileiros foram vítimas de golpes com criptoativos nos últimos cinco anos, com perdas que somam cerca de R$ 40 bilhões.

A CVM já emitiu centenas de alertas e "stop orders" contra pirâmides e ofertas irregulares desde 2020, mas os golpes continuam mudando de formato — e ganhando novas vítimas.

Os grandes golpes de 2024

Dados recentes da PeckShield (via TradingView) mostram que só em 2024:

  • Foram perdidos US$ 3,01 bilhões em ataques e fraudes;
  • Mais de US$ 2,15 bilhões vieram de ataques cibernéticos;
  • O setor DeFi foi o principal alvo.

Exemplos reais

  • DMM Bitcoin (Japão): US$ 305 milhões roubados;
  • PlayDapp (Coreia do Sul): US$ 290 milhões perdidos após violação de chaves;
  • WazirX (Índia): US$ 230 milhões desviados com uso de assinaturas digitais.

Existe recuperação?

Casos como o dos US$ 7 milhões recuperados nos EUA em 2024 mostram que, em alguns casos, é possível rastrear e devolver parte dos fundos roubados — graças a ações coordenadas entre agências federais e plataformas como a Binance.

Mas são exceções. Em geral, o investidor que cai em um golpe não consegue reaver seu dinheiro.

Como se proteger (mesmo sem ser técnico)

Você não precisa ser especialista — precisa ser cuidadoso:

Nunca compartilhe sua seed phrase, nem com “suporte” Use autenticação de dois fatores por app, nunca por SMS Prefira carteiras físicas (hardware wallets) para guardar valores altos Desconfie de bônus, cupons e mensagens urgentes

Revise permissões de contratos conectados à sua carteira Use ferramentas simples para revogar acessos desconhecidos

Conclusão

A maioria dos golpes não depende de hackers brilhantes — e sim da sua desatenção, urgência emocional ou confiança em promessas milagrosas.

Em um ambiente onde não há bancos, suporte técnico ou estorno, você é sua própria proteção. Informe-se, questione, monitore.

E acima de tudo: proteja seu patrimônio digital com inteligência.

Tiago Guimaraes

Tiago Guimaraes

Especialista em Riscos Cibernéticos e Segurança Digital com mais de 15 anos de experiência, incluindo mais de 5 anos no setor financeiro.

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