O que esperar da Auren (AURE3)? Confira a análise!
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O que esperar da Auren (AURE3)? Confira a análise!
14 jan 2025•Última atualização: 14 janeiro 2025


A Auren Energia (AURE3) vem passando por uma fase de transformação, marcada pela fusão com a AES Brasil, que adiciona complexidade a um cenário já desafiador.
Antes da fusão, a Auren era focada em geração de energia hídrica, um segmento conhecido pela volatilidade. Em anos de alta pluviosidade, como 2022 e 2023, a produção alcança níveis elevados, diluindo custos e entregando resultados positivos.
No entanto, em anos de baixa pluviosidade, como 2024, a produção sofre quedas significativas, pressionando os resultados. Esse tipo de oscilação afeta empresas dependentes de recursos hídricos e cria desafios adicionais, como o impacto do GSF (fator de ajuste para hidrelétricas).
Com a integração da AES Brasil, a Auren incorporou ativos eólicos e solares, além de uma dívida considerável. A AES Brasil vinha de um ciclo de investimentos pesado, iniciado após seu IPO, e agora enfrenta a tarefa de colher os frutos desses projetos em um contexto de juros altos e redução na produção de energia.
Apesar de trazer diversificação ao portfólio da Auren, a fusão também uniu duas empresas já alavancadas, aumentando o nível de endividamento consolidado.
Desafios do setor e da AURE3
O setor de geração de energia no Brasil apresenta peculiaridades. Muitas empresas travam contratos de venda de energia a preços fixos, o que limita o ganho em momentos de alta nos preços spot.
Além disso, as condições climáticas e o curtailment (energia produzida, mas não utilizada) afetam negativamente o volume de receita. Além disso, o curtailment no sistema elétrico nacional atingiu cerca de 25% em 2024, agravando ainda mais a situação.
No caso da Auren, o cenário é ainda mais desafiador devido ao aumento das despesas financeiras, impulsionadas pela alta da taxa Selic. Assim, o contexto atual de juros elevados e contratos com preços travados restringe a geração de caixa e dificulta a desalavancagem da empresa.
Dividendos
Uma das questões levantadas por investidores é o pagamento de dividendos. No entanto, no cenário atual, a prioridade deve ser a redução da dívida.
Pagar dividendos hoje significaria tirar recursos que poderiam ser usados para pagar menos juros. Faz mais sentido focar na desalavancagem.
A expectativa é de que a Auren leve pelo menos três a quatro anos para atingir um nível saudável de dívida em relação ao Ebitda, momento em que a empresa poderia considerar distribuir dividendos.
Considerações finais
Embora a AURE3 não seja uma empresa ruim, o setor de geração de energia possui desafios estruturais que aumentam os riscos para investidores. Se fosse para investir em geradoras, minha preferência seria pela Engie, que possui uma operação mais consolidada e equilibrada.
No curto prazo, a fusão com a AES Brasil traz incertezas e exige que a empresa equilibre a gestão de sua dívida com a melhoria de seus resultados operacionais.
Para os investidores que buscam dividendos ou menor risco, pode ser necessário aguardar até que a empresa demonstre um desempenho mais robusto.


Renato Reis
Formado em Ciências Econômicas pelo Ibmec BH. Analista de valores mobiliários (CNPI-P EM-3580) credenciado pela Apimec. Analista fundamentalista na casa de análise DVinvest.
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