Acordo Mercosul-UE: os destaques das negociações 2023-2024
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Acordo Mercosul-UE: os destaques das negociações 2023-2024
6 dez 2024
Após 25 anos de negociações, o Mercosul e a União Europeia anunciaram, nesta sexta-feira (6), a conclusão do acordo de livre comércio entre os blocos.
O anúncio foi feito durante a cúpula do Mercosul no Uruguai, com a presença dos presidentes dos países integrantes do bloco sul-americano e da chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O acordo prevê a redução ou eliminação de tarifas de exportação para cerca de 70% a 90% dos produtos negociados entre os blocos, abrangendo um mercado de aproximadamente 750 milhões de pessoas.
Retomada das negociações em 2023
Segundo o Palácio do Planalto, a etapa de negociações iniciada em 2023 ocorreu em um cenário político e econômico transformado, influenciado por questões como a pandemia, a crise climática e tensões geopolíticas.
O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Lula, propôs ajustes nos termos de 2019 para favorecer os interesses nacionais.
Entre os principais avanços nas negociações, destacam-se:
- Novos textos sobre comércio e desenvolvimento sustentável: Incluindo compromissos ambientais, sociais e econômicos.
- Adaptação de termos pré-acordados: Revisões em áreas como comércio de veículos, exportação de minerais críticos e direitos autorais.
- Conclusão de temas pendentes: Indicações geográficas e regras de implementação do acordo.
Desenvolvimento sustentável como prioridade
O novo anexo ao capítulo de Comércio e Desenvolvimento Sustentável estabelece compromissos conjuntos em questões ambientais, sociais e econômicas. Entre as novidades, destacam-se:
- Promoção de cadeias de valor sustentáveis: Com foco na transição energética.
- Empoderamento feminino no comércio: Incluindo dispositivos que favorecem a participação de mulheres no mercado internacional.
- Reconhecimento de dados do Mercosul pela UE: Para avaliar a conformidade das importações com as legislações ambientais europeias.
Além disso, as medidas ambientais que impactam o comércio deverão respeitar os acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC), evitando restrições disfarçadas.
Compras governamentais e políticas industriais
O capítulo sobre compras governamentais foi renegociado para preservar políticas industriais e econômicas brasileiras. Entre os ajustes promovidos, destacam-se:
- Exclusão das compras realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
- Preservação de políticas de incentivo a micro e pequenas empresas e agricultura familiar.
- Margens de preferência para produtos e serviços nacionais.
Mudanças no setor automotivo
Com o setor automotivo em transformação global, o acordo prevê prazos mais longos para a eliminação tarifária de veículos de novas tecnologias:
- Veículos eletrificados: Desgravação em 18 anos.
- Veículos a hidrogênio: Prazo de 25 anos, com 6 anos de carência.
- Novas tecnologias: Até 30 anos, com 6 anos de carência.
Também foi estabelecido um mecanismo de salvaguardas que permite ao Brasil suspender o cronograma de desgravação ou retomar tarifas caso importações europeias prejudiquem a indústria nacional.
Mecanismos de revisão e inclusão social
O acordo introduz um processo de revisão mais inclusivo, que envolverá representantes da sociedade civil, ONGs e sindicatos para avaliar os impactos no emprego, investimento e comércio.
Além disso, a União Europeia oferecerá um pacote de apoio aos países do Mercosul para facilitar a implementação do pacto, com foco nos setores mais vulneráveis.
Próximos passos
Apesar de concluído, o acordo ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos dos países envolvidos. Ele enfrentará resistências, especialmente na Europa, onde países como a França têm levantado preocupações sobre questões ambientais e competitividade.
Com dispositivos voltados para sustentabilidade, inclusão e proteção de mercados sensíveis, o acordo marca uma nova fase nas relações comerciais entre Mercosul e União Europeia, com potencial para impulsionar a economia dos países sul-americanos e ampliar sua integração global.
*Com informações de Agência Brasil
Imagem: Ricardo Stuckert
Ana Claudia Piva
Jornalista profissional com mais de 20 anos de experiência (MTB 43.842/SP). Editora-chefe do Portal It's Money. Especialista em gestão de conteúdo pela Universidade Metodista de São Paulo e em Search Engine Optimization (SEO).
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