Entenda o que muda com a Resolução CVM 179

mercado

Entenda o que muda com a Resolução CVM 179

1 nov 2024Última atualização: 1 novembro 2024

Ana Claudia PivaAna Claudia Piva
entenda-o-que-muda-com-a-resolucao-cvm-179_its-money

Nesta sexta-feira (1º), começam a valer as novas diretrizes estabelecidas pela Resolução 179 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), também conhecida como "resolução da transparência" no mercado financeiro.

A iniciativa traz uma mudança significativa para o setor financeiro, exigindo que bancos e assessorias de investimentos revelem de forma clara as comissões recebidas em determinados produtos.

Conversamos com o Head de Fee Based na Blue3 Investimentos, Maickel Curiel Marcantuono, que explicou os detalhes da Resolução CVM 179, bem como seus impactos práticos para o investidor.

Confira a entrevista completa abaixo. Boa leitura!

Como a CVM 179 funciona na prática para o investidor?

Maickel Curiel Marcantuono: Na prática, isso significa que o investidor terá uma visão muito mais transparente dos custos envolvidos nas suas escolhas de investimentos.

Essa transparência é essencial para o cliente avaliar se as recomendações feitas estão, de fato, alinhadas aos seus interesses. A regulamentação busca, assim, fortalecer a confiança entre clientes e assessores, ajudando o mercado a amadurecer.

Clientes precisarão se aprofundar no entendimento de como funcionam os parâmetros de remuneração em cada investimento, e isso contribuirá para decisões mais informadas e seguras.

Ao mesmo tempo, assessores terão de aprimorar seu nível técnico e a curadoria dos produtos sugeridos, pois, com maior transparência, o mercado naturalmente exigirá mais qualidade e consistência nas recomendações.

Essa é uma evolução muito bem-vinda para o mercado financeiro, que cria uma base sólida para práticas cada vez mais éticas.

E dentro desse contexto, o modelo Fee Based, onde o cliente paga uma taxa fixa pelo serviço de assessoria em vez de comissões, desponta como uma escolha ideal em boa parte dos casos.

Ao adotar esse modelo, o cliente ganha em independência e confiança, pois tem a certeza de que suas decisões são orientadas por seus próprios interesses, e não por incentivos atrelados a comissões de produtos específicos.

Para nós, esse é o futuro do mercado financeiro, oferecendo uma experiência de investimento mais justa e transparente para o investidor.

A CVM 179 vale para quais tipos de investimentos?

Maickel Curiel Marcantuono: A nova resolução traz mudanças importantes para a transparência de uma variedade de produtos financeiros. Excluindo apenas aqueles de emissão bancária, como CDBs, que não estão sob o escopo da norma.

    Entre os produtos cobertos pela resolução estão diversas opções de renda fixa, como as Letras Financeiras (LF), as Letras Imobiliárias Garantidas (LIG), os Certificados de Operações Estruturadas (COE). Além de títulos privados, como Debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Notas Comerciais.

    No universo de renda variável, a norma se aplica tanto ao mercado futuro quanto ao mercado à vista, abrangendo ações, subscrições e aluguel de ações, ETFs (Exchange-Traded Funds) e fundos listados em bolsa. Além disso, os derivativos negociados em bolsa ou no mercado de balcão também estão cobertos pela nova regulamentação.

    Por fim, a resolução impacta também os fundos de investimento, sejam eles de renda fixa, ações, multimercado, cambial ou de outras categorias. Com essa abrangência, a norma assegura que os investidores tenham acesso a informações detalhadas sobre as comissões cobradas nesses produtos, promovendo uma análise mais consciente e informada.

    Essa maior clareza é essencial para que o investidor avalie se as recomendações que recebe estão, de fato, alinhadas aos seus interesses financeiros e não apenas orientadas pelas comissões associadas aos produtos.

    Como o investidor deve escolher o tipo de remuneração de seu assessor?

    Maickel Curiel Marcantuono: Na hora de escolher o tipo de remuneração do seu assessor, o investidor deve considerar seu perfil, suas expectativas e necessidades específicas.

      Não há uma solução universal: para alguns clientes, o modelo de comissionamento será mais vantajoso, enquanto para outros, o Fee Based será a melhor escolha.

      Cada modelo atende a perfis e objetivos distintos, e entender essas diferenças é essencial para tomar a decisão mais alinhada aos próprios interesses.

      Modelo de comissionamento

      O modelo de comissionamento pode ser mais indicado para clientes que já sabem o que desejam e procuram um assessor apenas para apresentar algumas opções que se encaixem em suas necessidades.

      Esse modelo também pode ser vantajoso para investidores experientes, que têm um conhecimento profundo do mercado financeiro e, portanto, menos dependem de uma orientação estratégica.

      Além disso, clientes que preferem "testar" a qualidade de um assessor sem precisar pagar uma taxa fixa podem encontrar no comissionamento uma boa alternativa para avaliar o serviço antes de um compromisso de longo prazo.

      Modelo Fee Based

      Por outro lado, o modelo Fee Based é uma excelente escolha para clientes que valorizam a transparência nas recomendações.

      Como o assessor não recebe comissões sobre produtos específicos, suas sugestões tendem a ser ainda mais alinhadas aos interesses do cliente.

      Esse modelo também é ideal para investidores que não têm tempo para gerenciar ativamente seus investimentos e precisam de uma assessoria mais próxima e proativa.

      Além disso, quem tem uma perspectiva de longo prazo e está comprometido com planejamento financeiro encontra no Fee Based um modelo que favorece essa visão.

      Esse tipo de remuneração permite um controle de custos mais claro e, em alguns casos, devolve comissões sob a forma de cashback ou melhores taxas em investimentos de renda fixa.

      A escolha, portanto, depende do que o investidor mais valoriza em sua relação com o assessor. Flexibilidade e autonomia no comissionamento ou transparência e controle de custos no Fee Based.

      Avaliar esses pontos ajuda o cliente a decidir o que faz mais sentido para ele em sua jornada financeira.

      Sobre Maickel Curiel Marcantuono

      Maickel Curiel Marcantuono, CFP®possui mais de quinze anos de experiência no mercado financeiro. Atuou na área de Private Banking dos bancos Bradesco e Safra.

      Formado em Relações Internacionais com ênfase em Economia, é Master of Business Administration (MBA) em gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas.

      Realizou cursos de gestão de riscos e projetos pela Universidade de Nova York e especialização em negócios pela Universidade de Harvard.

      Possui certificação internacional de planejador financeiro (CFP®), é Agente Autônomo de Investimentos registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Durante o período e 2015 - 2017 foi membro da Comissão de Comunicação e Marketing da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros.

      Hoje, atua como Head de Fee Based na Blue3 Investimentos.

      Ana Claudia Piva

      Ana Claudia Piva

      Jornalista profissional com mais de 20 anos de experiência (MTB 43.842/SP). Editora-chefe do Portal It's Money. Especialista em gestão de conteúdo pela Universidade Metodista de São Paulo e em Search Engine Optimization (SEO).

      Saber mais

      Gostou do conteúdo?

      Queremos sempre melhorar a experiência a sua experiência. Se puder, dê uma forcinha para o time de redação e conte o que você achou da edição de hoje.

      O que achou deste conteúdo?

      • Ruim
      • Ótimo
      As melhores análises do mercado

      Receba em primeira mão as melhores análises do mercado financeiro diretamente em sua caixa de entrada. Nossa newsletter oferece insights exclusivos, tendências e perspectivas sobre o mercado.

      Deixe-me ler primeiro uma amostra