Balanço da Semana: entre volatilidade global e incertezas fiscais no Brasil

O desenrolar de uma semana considerada “uma das mais importantes do ano” finalizou com alta volatilidade e euforismo dos mercados.

A última semana foi marcada por um cenário internacional com agenda e eventos de forte magnitude: eleição do 42º presidente, Donald Trump, e a redução da taxa básica de juros em 0,25pp.

No Brasil, o Copom anunciou aumento da taxa Selic na casa de 0,50pp e as discussões sobre os ajustes fiscais não avançaram conforme o mercado esperava.

Para os próximos dias, teremos uma agenda cheia de eventos com a divulgação de vários índices de atividade, importantes para entender nas economias o andamento da política monetária, além da repercussão dos ajustes das taxas de juros ao redor do globo.

Por aqui, o mercado aguarda com atenção uma possível divulgação das medidas de reajuste fiscal.

Na Semana anterior

Donald Trump é eleito o 42º Presidente dos Estados Unidos da América.

Com uma corrida eleitoral agitada e disputada minuto a minuto, Donald Trump foi eleito com boa vantagem de distritos eleitorais. O resultado foi 295 (Trump) x 226 (Kamala), divulgado oficialmente na última quarta-feira (6).

Enquanto isso, após a vitória, o atual presidente Joe Biden prometeu uma transição tranquila e estável.

Com a vitória de Trump, os principais índices de ações dos EUA performaram em alta ao longo do restante da semana.

Já a curva de juros americana abriu com um eventual receio do mercado em trazer uma política expansionista, o que pode trazer inflação no curto prazo.

Trump também tem um mantra de corte de impostos, o que pode ocasionalmente aumentar a dívida pública e no longo prazo necessitar de um aumento de taxa de juros.

EUA reduz juro americano em 0,25pp.

O FOMC, na quinta feira, anunciou redução de 0,25% na taxa de juro americana, é o segundo corte consecutivo, após um longo período de manutenção.

Os dados de atividade econômica ajudaram a reforçar a medida tomada pelo comitê econômico americano, 

BCE embala com consenso dos EUA, e reduz juro em 0,25pp

No mesmo ritmo dos outros países, a Europa também reduziu juros,

Ibovespa cai 0,23% embalado por indecisões fiscais

O auge do estresse ocasionado na semana anterior foi revertido após o ministro Haddad cancelar sua viagem para a Europa, pois o mercado entendeu que o governo de fato estava preocupado em entregar a pauta fiscal, fazendo o Ibov ao longo da semana entregar 1,87% de alta.

Entretanto, o índice perdeu força ao longo dos dias embalados pela falta de novas notícias.

IPCA de outubro fecha em 0,56% e vem acima do esperado.

A inflação de outubro fechou em alta comparada ao projetado, a expectativa era 0,52%. A conta de luz atrelada ao aumento no preço da carne fez o IPCA subir, acumulando 4,76% e furando o teto da meta.

Curva de Juro futuro fechou semana em queda

A semana foi marcada pelo fechamento dos vértices curtos longos do juro, após uma forte alta na última semana de outubro. O aumento da taxa Selic foi fator determinante para a redução dos vencimentos longos.

O mercado também aguarda com bom otimismo as expectativas de boas notícias com relação as medidas de controle dos gastos públicos.

Dólar atinge R$ 5,87

A semana foi de alta emoção para o dólar que atingiu o maior patamar desde 2020, ficando próximo da sua máxima histórica. Tendo em vista as incertezas ficais, o mercado precificou a possibilidade de um cenário de desvalorização maior da moeda brasileira frente aos pares.

No entanto, as calmarias feitas pelo governo somadas com o bom humor do mercado internacional acalmaram as cotações, que encerraram a semana com queda de 2,3%

Nesta semana

Durante os próximos dias, a agenda do mercado financeiro será extensa, e com um dia a menos aqui no Brasil, devido ao feriado da Proclamação da República, sexta-feira, dia 15.

Com uma semana cheia de divulgação de indicadores de atividades econômicas, o mercado aguarda também as atas e falas dos bancos centrais para entender qual é viés das próximas reuniões e a justificativa dos ajustes feitos na semana anterior.

No Brasil, os investidores esperam a divulgação das primeiras medidas dos ajustes fiscais

O mercado doméstico espera nessa semana mais informações sobre como deve ser o desenho inicial das medidas que o governo adotará para equilibrar as contas.

Na semana anterior o Ministro Fernando Haddad cancelou sua ida para a Europa para dedicar atenção a agenda de reuniões para a conclusão do pacote. Na mídia, foram vinculadas algumas informações, que por sua vez, foram dadas como inverídicas.

O governo tem pressa em apresentar uma proposta pública, no entanto, mantém sigilo para não “desidratar” nenhuma condição apresentada.

O mercado também aguarda a penúltima ata do Copom no mando de Campos Neto, principalmente aguardando o viés do Guidance.

A principal preocupação dos mercados é o entendimento de como serão os próximos ajustes, visto que há um cenário ainda inconcluso com relação a política fiscal, e no curto prazo, a inflação ainda assusta.

Também são aguardadas mais informações de como será realizada a transição de governo entre Trump e Biden, e como o novo governo pretender seguir as alianças comerciais com o Brasil.

Calendário econômico da semana