Aumento de capital privado: entenda a subscrição da Magalu (MGLU3)

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Aumento de capital privado: entenda a subscrição da Magalu (MGLU3)

26 mar 2024Última atualização: 12 junho 2024

Redação It's MoneyRedação It's Money
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A Magazine Luiza (MGLU3) anunciou no dia 28 de janeiro a aprovação de um aumento de capital privado no valor de R$ 1,25 bilhão, garantido pela família Trajano e pelo BTG Pactual (BPAC11). Conforme anunciou a empresa, a emissão para subscrição privada será de 641.025.641 ações ordinárias, ao preço de emissão de R$ 1,95 por ação.

Porém, a notícia gerou muitas dúvidas entre os investidores que possuem MGLU3 na carteira. Mas, afinal, por que uma empresa aumenta o capital social e quais os possíveis impactos nas ações?

Segundo Renato Reis, analista CNPI-P na DVinvest, uma empresa faz um aumento de capital privado quando precisa captar recursos e está muito caro pegar dinheiro emprestado no mercado.

"Em resumo, ela precisa se financiar e não consegue ir no mercado de crédito, pelas taxas muito altas. Assim, precisa fazer a subscrição. Ou seja, criar novas ações a um preço geralmente abaixo do mercado", explica o analista.

Além disso, existem outros detalhes dentro dessa operação, o que entenderemos nos próximos tópicos com a ajuda do analista.

Vamos lá? Boa leitura!

Como funciona a captação de recursos de uma empresa

Em resumo, uma empresa tem duas formas para captar dinheiro: fontes de terceiros ou fontes próprias.

As fontes de terceiros não são acionistas da empresa. Ou seja, um banco ou um instituição financeira que vai emprestar os recursos. Geralmente, esse dinheiro entra como empréstimo ou financiamento no balanço.

Já o financiamento próprio parte dos próprios acionistas. Então, é um dinheiro que vem dos controladores, geralmente na forma de uma subscrição (aumento de capital privado).

Por que a subscrição é pouco comum?

Segundo Reis, a subscrição é pouco comum pois "apesar de não pagar juros, a operação costuma ser mais cara no sentido de custo de oportunidade".

E se é mais cara, por que as empresas optam por esse tipo de operação? Renato Reis usa um exemplo prático para responder essa pergunta:

"Imagine que uma empresa toma uma dívida do banco, a CDI +2%. Aí chega no dia de pagar essa dívida e a empresa não consegue pagar, precisando pagar no futuro. Tendo isso em vista, o banco vê que ela não conseguiu pagar aquela dívida antiga, e passa a cobrar  CDI +4%, CDI +7% e assim por diante. E qual é o problema disso? Ninguém consegue se financiar pagando juros muito altos", explica.

Então, quando essa empresa quer captar recursos e não consegue ir no mercado de crédito, pelas taxas muito alta, precisa recorrer aos acionistas, que são incentivados pelas novas ações a um preço abaixo do mercado. "A empresa não pode cobrar o preço cheio, já que os acionistas podem não ver vantagem na operação", observa.

O que vai acontecer com papéis da Magazine Luiza (MGLU3)

Após a a subscrição das ações da Magalu, a principal dúvida dos investidores gira a respeito do comportamento dos papéis: eles devem subir ou descer?

"Eu imagino que a ação deva caminhar mais ou menos para o patamar da subscrição (R$ 1,95 por ação)", analisa Reis.

Porém, ele avalia que somente a chamada de capital não resolve o problema da empresa. "Aumentar o capital privado em mais de R$ 1 bilhão é algo positivo e vai diminuir um pouco a dívida (que hoje está em R$ 4 bilhões, mais ou menos).  Porém, o problema principal da Magalu está ligado à operação.

Reis dá como exemplo as Casas Bahia, que fez um follow-on, mas o operacional continuou fraco e "foi só questão de tempo até esse dinheiro sumir".

"Então, eu esperaria sair o resultado do quarto trimestre de 2023, que começa a sair a partir de semana que vem. Porque como é o trimestre mais forte do varejo, precisamos ver se vai haver redução de estoque, se vai girar o caixa. Enfim, se vai dar lucro. Então, para mim o foco continua sendo no resultado. Assim, acredito que no curto prazo o papel deve caminhar para esses R$1,95, que é o preço da subscrição", finaliza Reis.

Sobre Renato Reis

Formado em Ciências Econômicas pelo Ibmec BH. Analista de valores mobiliários (CNPI-P EM-3580) credenciado pela Apimec. Analista fundamentalista na casa de análise DVinvest.

Redação It's Money

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