Temporada de resultados do segundo trimestre de 2023: o que esperar?

A temporada de resultados do segundo trimestre de 2023 (2T23) na Bolsa brasileira teve início no dia 18 de julho de 2023 e vai até o dia 15 de agosto.

Ou seja, durante esse período, todas as empresas listadas na B3 precisam reportar seus resultados operacionais e financeiros.

E como o mercado é feito de expectativas, essas informações são de extrema importância para os investidores.

Então, confira abaixo uma leitura sobre as perspectivas para temporada de resultados do segundo trimestre de 2023, bem como o calendário completo das divulgações.

Boa leitura!

Temporada de resultados do segundo trimestre de 2023: cenário macroeconômico

No cenário macroeconômico, os resultados ainda não contam com a redução na taxa Selic. Dessa forma, diversas empresas que possuem problemas ligados ao endividamento provavelmente continuarão com essas mesmas dificuldades.

Sem entrar nos méritos de quais setores serão mais impactados pelos juros, algumas empresas mais endividadas podem surpreender negativamente ao longo da temporada.

Por um outro lado, a redução na inflação vista ao longo do ano é um fator bastante positivo, especialmente para aquelas empresas que possuem mais dificuldades de repassar preços ou que têm seu consumo bastante sensível a uma variação nos valores.

Nesse sentido, talvez os maiores exemplos disso sejam os varejos de eletrodomésticos e de alimentos. Em resumo, esses setores operam com margens de lucro bastante baixas devido a alta competitividade e a pouca diferenciação entre os produtos vendidos, com o principal mecanismo de competição sendo o preço cobrado.

Porém, partindo para os setores individualmente, as expectativas são mistas até mesmo dentro de um único setor.

Enquanto algumas empresas dependem mais da inflação baixa para apresentarem bons resultados, outras empresas do mesmo segmento dependem mais das taxas de juros devido ao alto endividamento.

Confira abaixo uma leitura sobre os principais setores:

Commodities

Após fortes resultados nos últimos anos, os preços das commodities como um todo estão se normalizando e voltando ao patamar pré-Covid.

Dentro da análise estamos tratando de minério, petróleo, aço, celulose, químicos, entre outros. Talvez com exceção das proteínas bovinas, que ainda passam por uma fase bem ruim do ciclo.

A expectativa da temporada de resultados para as empresas de commodities é de uma queda nos preços dos produtos.

Isso provavelmente será acompanhado por um aumento no volume vendido e por uma redução na margem de lucro dessas empresas, mas que ainda não preocupa devido ao alto acúmulo de caixa realizado nos últimos anos.

Construção civil

A construção civil talvez seja o setor mais diverso atualmente, com empresas bastante capitalizadas e empresas muito endividadas por exemplo, além de possuir diversos segmentos internos, como os de alta ou baixa renda, que possuem dinâmicas muito distintas.

A expectativa da temporada de resultados é boa para as que operam na baixa renda (especialmente o Minha Casa Minha Vida) e estão bem capitalizadas, como a Cury ou a Plano&Plano.

Por outro lado, o setor de média e alta renda ainda deve sofrer um pouco, com empresas como a Gafisa ou a Helbor passando por momentos mais delicados, enquanto a Eztec ou a Lavvi estão passando por bons momentos.

Varejo

Aqui, vamos englobar desde o varejo alimentar até o de moda, já que, praticamente todo o setor é bastante impactado pela inflação.

Dessa forma, com um arrefecimento no valor, as empresas como um todo devem apresentar melhoria em suas margens de lucro no trimestre.

Porém, com uma receita que talvez decepcione devido ao mesmo motivo, no somatório, vejo a melhoria na rentabilidade com um peso maior do que a receita.

Então, devemos ter bons resultados, com exceção das empresas endividadas, que ainda devem sofrer bastante devido ao patamar da Selic, com despesas financeiras bem altas.

Indústria

Assim como a construção civil, cada caso é um caso, já não estamos mais em um cenário de céu de brigadeiro como nos últimos anos, em que os preços das peças e dos produtos vendidos aumentaram bastante.

Assim, cada empresa do setor da indústria deverá ter uma dinâmica diferente da outra. As empresas com um foco maior no mercado interno devem apresentar resultados piores.

Por outro lado, as que possuem um percentual de vendas maior no mercado externo devem se sobressair do bolo.

Bancos

O setor dos bancos vai ser bastante impactado pelo nível de inadimplência, que está normalizando aos poucos.

Pessoalmente, vejo o Itaú na frente dos outros bancos nesse quesito, mas o Bradesco caiu bastante desde que teve problemas com a inadimplência.

Dessa forma, ele pode ser o azarão na temporada de resultados e quem sabe, surpreender positivamente.

Utilities (energia e saneamento)

Com a redução na inflação, as empresas do segmento de utilities devem ter um crescimento de receita menor, já que, boa parte dos aumentos de tarifa são indexados ao IPCA.

Entretanto, não deve ser significativo a ponto de as ações caírem. Além disso, as margens de lucro devem vir melhores nessa temporada de resultados pelo mesmo motivo, compensando a receita.

Demais setores

Por fim, os demais setores também possuem dinâmicas distintas mas a toada do trimestre vai ser bastante ditada pela mistura de juros e inflação.

Por isso, vejo empresas endividadas seguindo dessa forma e com problemas nessa temporada de resultados, enquanto empresas que gostam de inflação baixa e estão capitalizadas devem ser as surpresas positivas do trimestre.

Calendário temporada de resultados segundo trimestre de 2023?

Confira o calendário da temporada de resultados do portal Seu Dinheiro feito com base nas datas divulgadas pelas empresas e pela CVM .

Vale lembrar que as datas podem sofrer alterações!

Calendário de resultados: semana de 17 a 21 de julho

Calendário de resultados: semana de 24 a 28 de julho

Calendário temporada de resultados: semana de 31 de julho a 4 de agosto

Calendário temporada de resultados: semana de 7 a 11 de agosto

Calendário temporada de resultados: semana de 14 a 18 de agosto

Empresas ainda sem data e outros casos